Clube Negrita #7 — A Lei do Santo

Malokêarô
2 min readMay 14, 2018

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Conheci o livro A Lei do Santo na cama. Deitadinha. Abraçada. Lendo em dupla. Foi nessa temporada de junho em Monguaguá que também vi brotar minhas primeiras vontades de Clube Negrita. Eu percebi, na leitura do conto Chuva, o quão bonita, forte e fina pode ser a descrição do mistério. Assim, sem alardes fantásticos, apenas o mistério como ele é: ele acontece, passa, você sente, os outros sentem, mas cada um, da sua forma, decide como assimilar.

Foi neste período também que descobri minha dificuldade em pronunciar palavras desconhecidas ou conhecidas só com os olhos. Depois disso, notei que meu repertório do dizer era pequeno, preenchido por muitas gírias de lacuna, aquelas que não expressam nada e que poderiam ser ocupadas por palavras mais interessantes na forma ou no significado. Palavras que a gente só conhece lendo.

Seis Clubes de leitura depois eu fui procurar o tal Muniz Sodré nas bibliotecas. Eu queria lei inteira a obra A Lei do Santo, mas não queria pedir emprestado. Encontrei foi outro livro, Mestre Bimba — Corpo e Mandinga, do Sodré. E aquela leitura que era só de momento se tornou leitura de vida. Descobri neste livro mais motivos para a capoeira, para mergulhar na escrita e para admirar o trabalho do autor, um senhor Mestre de setenta e seis anos, que quando foi presidente da Fundação Biblioteca Nacional garantiu para nós 1850 bibliotecas novas no país, que nos ensina de comunicação, raiz e cultura negra e que também tem o toque suave na escrita da ficção.

Muniz Sodré

Quando consegui dinheiro e tive a oportunidade, comprei meu próprio livro do Sodré, A Lei do Santo. Pude então ler conto por conto na calma, na alimentação dos dias. Tive tempo de pensar, tomar coragem e elaborar o sétimo Clube Negrita voltado para a apresentação desta obra. No dia 26 de maio leremos três contos do Muniz Sodré para pensarmos o que é a lei do Santo, como os personagens lidam com ela e como ela lida conosco. Vamos ler Purificação, A Lei do Santo e Al Dente. A ideia do Clube é que cada vez mais as pessoas conheçam e leiam a literatura negra. E que façam isso juntas. É esse o canal. E por isso reconvido quem quiser, quem vier, para saborear comigo três dos quatorze contos desse livro que me fez e me faz brotar tanta beleza e compreensão.

E faremos isso na Escola Mutungo de Capoeira Angola.

Se quiser saber mais, entra aqui: https://www.facebook.com/events/388251171691115/

Malokêarô!

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Malokêarô

A minha idade não sabe quando começou, muito menos quando pretende terminar.