Neguinha

Malokêarô
2 min readDec 27, 2017

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Neguinha — Malokêarô

Choveu hoje e o centro ficou molhado. Na verdade ele está assim já há algum tempo. Talvez sejam os meus olhos, eu não sei dizer… posso ter confundido chuvas com só gotas, eu tenho estado meio nervoso esses dias.
Tô até escrevendo de um jeito que eu não queria. No trabalho de novo mil fitas acontecendo; eu me lembrando de você a cada passo, feito cola na mente… Deu dor na minha barriga depois do almoço. Não era de fome nem de cagar. Era de enjoo. Fiquei mal, ainda estou, é como um ácido roendo as carnes de dentro, mas vou melhorar quando chegar em casa.
Minha mãe mandou um beijo, disse que está te esperando, não sei para quê. Quando eu pego o trem e volto pra vila vou amolecendo. Vou a mo le cen do. Tem menos vigia, o feijão faz cheiro pelas ruas e de dentro dos portões eu vejo as luzes alaranjadas das casas dos outros. Tem menos pensamento rondando o meu eu, o meu corpo, os meus atos.
Eu amo a minha casa. Ela não molha.

Neguinha — Malokêarô (close).

Volta aqui esses dias, neguinha, eu vou te mostrar coisas melhores de se fazer. Melhores que antes. Pralém disso, quero saber de você. Do seu dia, das ousadias que você anda fazendo consigo mesma. Quero saber até de quando você fica triste e como você se alegra. Sinto saudade, mas fico na paz.

Até já já.

Caburé.

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Malokêarô

A minha idade não sabe quando começou, muito menos quando pretende terminar.