Você segue alguém? Alguém fica te seguindo? Sim? Que absurdo isso, não? Bem, pode ser que não. Seguir, talvez seja uma atividade divertida e excitante… Hoje, por exemplo, seguindo o Mano Brown, eu soube que ele foi para o ensaio de carro, deu carona para o Criolo, ensaiou, tirou uma foto de óculos com o Criolo, o Dandan e o Ice Blu (os três estavam catch a fire nos olhos, menos o Brown que usava óculos escuro) e depois foi cortar e pintar o cabelo. Aí já eram sete da noite.
Eu segui. Segui sim. Podem pensar que eu sou uma psicopata, me esgueirando com o celular na mão. Futricando a vida das pessoas. Dando like. Dando like as vezes querendo dar deslike, seguindo, seguindo, aumentando essa vontade sem rumo. Mas foi ele quem me chamou. Deixando aberta a janela de casa, expondo fotos, vídeos e vida. Criando lives. Ele quer ser visto, assim como eu quero e abro, mostro também minhas fotos e desenho que algumas pessoas me sigam. Não todas.
E então a ideia de seguir e ser seguida se transmuta para algo não físico, mas com um efeito mental triplamente nocivo. Um colega de curso queria me seguir nas redes. Alguns podem chamar de acompanhar, mas isso demanda empatia. Eu permiti que ele me seguisse, mas tive que me reconfigurar, não falar mais mal do nosso ambiente. Você nunca sabe ao certo quem é que te segue…
Mas é preciso pensar a ideia primeira sobre ser seguido. Jesus, para escolher uma pessoa que todos parcialmente conhecem, era seguido pelos fiéis e também pela polícia. O cara que matou o artista era fã dele. Agora, com os localizadores nos celulares e o google é fácil descobrir como se encontrar alguém no exato local em que ela está. O celular, inclusive, te avisa que ela ou ele está por perto. E assim permitimos. Agora é permitido seguir as pessoas, até as mais aleatórias.
Eu acordo e ligo a internet.
Vejo a bunda das minhas amigas.
Mostro a minha as vezes.
Vejo que alguém vai viajar.
Que alguém está em casa com frio.
Que alguém se matou ou vai se matar.
Suponho toda uma pessoa com base no que ela me mostra em vídeos, fotos e palavras. Todas com portfólios maravilhosos. Mas se eu pergunto se a pessoa gostou do vinho que ela bebeu na internet, ela me diz que não é da minha conta. Então, quebramos a quarta parede e eu que antes só seguia/acompanhava nas redes me atrevo a querer saber do virtual na vida real. Como será que as pessoas são quando estão em casa e não contam para ninguém? Muito provavelmente elas estão com o celular na mão, seguindo outra pessoa.
Particularmente, eu prefiro seguir e ser seguida apenas virtualmente. Principalmente nas noites escuras. Contudo, creio que seja sempre melhor sumir de vista, pois, do que o olho não vê a boca não pode falar.
Lágrimas Brancas
